80 anos Conferência do Potengi – O encontro de Vargas e Roosevelt em 1943

A Conferência do Potengi foi o nome dado ao encontro dos presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Getúlio Vargas e Franklin D. Roosevelt, respectivamente, ocorrido em Natal, no Rio Grande do Norte, em 28 de janeiro de 1943.

O avião do presidente Roosevelt pousou em Natal às 7h50, horário local, após um voo de 11 horas e 20 minutos oriundo de Bathurst, no norte da África. A comitiva se dirigiu para as instalações do prédio conhecido, atualmente como Rampa, que na época era uma estação de passageiros da Pan Am, na ocasião, ocupada pela Marinha dos EUA.

Para dar apoio à missão presidencial, foi trazido a Natal o navio USS Humboldt (AVP-21), com alojamentos em quantidades suficientes e apropriadas, com espaço para a comitiva e a realização da conferência. No registro oficial da viagem, às 11h45, o presidente Vargas sobe a bordo do Humboldt acompanhado do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Jefferson Caffery, e do chefe da Missão Naval dos Estados Unidos no Brasil, o contra-almirante Augustin Toutant Beauregard. Foi relatado um “encontro caloroso” entre as lideranças,  que posaram para a foto no convés do Humboldt. Também estavam presentes o secretário pessoal de Roosevelt, Harry Hopkins, o contra-almirante Ross McIntire e o general Walsh.

Às 14h25, os presidentes se dirigem ao cais da Pan Am, e logo em seguida sobem a bordo de um jeep do Exército americano para inspeção das instalações locais dos Estados Unidos. No cais, também estavam o comandante local do Exército Brasileiro, general Cordeiro de Faria, o comandante da Base Naval de Natal, almirante Ary Parreira e o interventor federal no Rio Grande do Norte, Rafael Fernandes (governador). A comitiva começou a visita pelo pátio da Pan Am – atualmente conhecido como Rampa – onde estavam perfilados os marinheiros do Esquadrão de Patrulha VP-74, iniciando a inspeção militar. Depois seguiram para um posto de artilharia brasileira, atual 17º Grupamento de Artilharia e Campanha, situado em um terreno elevado nas proximidades, a pedido do general Cordeiro que além de indicar o local cuidou de explicar as funções na defesa portuária. Em seguida, o presidente Roosevelt foi transferido para um sedã – considerado mais confortável – para realizar o trajeto de 16 quilômetros entre Natal e o campo de Parnamrim Field, onde ficava o Quartel-General do Comando de Transporte Aéreo do Atlântico Sul (ATC/SAD) e o 9º Grupo Ala do Atlântico Sul (SAW).

Parnamirim fazia parte do comando do general Wash, onde a Marinha também mantinha aeronaves e esquadrões operacionais. Essa é uma das maiores estações Comando de Transporte do Exército, comparada a grandes aeroportos como o La Guardia Field, em Nova Iorque, ou o Aeroporto de Chicago.

O presidente fez um passeio muito extenso pela estação e notou particularmente o grande número de novos edifícios, estradas e pistas sendo construídas. Na última parte da viagem ao redor do campo, ele passou pelo trecho agora alocado para uma unidade da Força Aérea Brasileira, anteriormente sob o controle de uma companhia aérea comercial francesa, a “Air-France”. Às 16h20, a comitiva deixa o Campo de Parnamirim e recebe uma salva de palmas dos oficiais, homens e trabalhadores reunidos. Às 17h00, chegam ao cais da Pan-Americana, ou seja, retornam para o prédio da Rampa.

29 de janeiro de 1943:

Às 05h10, o presidente Roosevelt e comitiva deixam o USS Humboldt, em direção ao cais da Pan Am para ir ao campo de Parnamirim, onde dois aviões do Exército, C-54 “Skymaster” estavam preparados para levá-los a Trinidad. Os Clippers 314, que fizeram o percurso na ida, receberam ordens de seguir na volta de forma independente até Trinidad. A decolagem se deu às 6h15, horário local de Natal.

Por fim, foi acertada uma declaração conjunta dos dois presidentes, destacando o objetivo da passagem do presidente em Natal e renovando as promessas de ajuda mútua. Divulgação sobre detalhes do encontro seriam divulgados à imprensa no sábado, 30 de janeiro, por ambos os países, Brasil e Estados Unidos. Como o Brasil já tinha cedido áreas para construções de bases e declarado guerra contra a Alemanha, essa ajuda mútua seria o envio de tropas brasileiras para o fronte.