80 anos do “Dia D”: O papel essencial de Natal como base aliada

Há 80 anos, as praias da Normandia, na França, eram cenário de um feito histórico no contexto da segunda guerra mundial, quando o mundo testemunhava a maior operação militar com desembarque anfíbio da história, mais conhecido como “Dia D”. Ao longo dos anos, esse fato deixou de ser uma novidade, no entanto, o papel da base aérea de Parnamirim Field, em Natal/RN, no nordeste brasileiro é pouco falado ou discutido.

Muitas pessoas nem fazem ideia da importância dessa base como hub de logística fundamental para o Exército dos Estados Unidos ou demais países aliados. Essa relevância durou alguns anos e se repetiu no Dia D.

O desembarque das tropas aliadas, em 6 de junho de 1944, é considerado um dos episódios mais importantes do período e resultou na libertação da Europa que estava ocupada pelo regime nazista de Adolf Hitler. Para compreender esta afirmação, podemos exemplificar com números de meios e recursos humanos nesta operação, que recebeu o codinome de “Overlord”:

  • Mais de 7.000 navios, sendo 1.213 naus de guerra e mais de 4.000 de desembarque;
  • 132 mil homens desembarcaram nas praias;
  • 24 mil paraquedistas;
  • 10.000 veículos terrestres transportados;
  • 4.000 mortos entre os aliados, apenas no Dia D;
  • 9.000 feridos ou desaparecidos;
  • 12.000 aeronaves utilizadas entre aviões de carga e combate.

Para esse post, o que interessa é justamente o último item, pois Parnamirim Field foi amplamente utilizada, principalmente nos meses que antecederam o Dia D, no transporte de pessoal, mantimentos e aviões, sobretudo os cargueiros. Dezenas de esquadrões, ligados a 8ª e 9ª Força Aérea do Exército dos Estados Unidos tiveram que descer até a América do Sul, cruzar o Atlântico até a África e seguir para Inglaterra. Podemos citar os 437th, 445th e 454th Bombers Group, que operavam as famosas aeronaves “C-47”.

O Dia D começou a ser planejado ainda no primeiro semestre de 1943 e por conta do mau tempo que obrigava o fechamento da rota norte, que saía dos EUA direto para a Inglaterra, a rota do sul – passando por Natal – passou a ser vital. Em setembro de 1943, uma correspondência do Exército americano, endereçada ao alto comando a pedido do General “George”, comandante do Air Transport Command (ATC), alertava para esta necessidade de mudança de rota já em outubro de 1943.

Trecho de correspondência do ATC:

1º de outubro – Todas as aeronaves táticas que agora sobrevoam o Atlântico Norte serão direcionadas para o Atlântico Sul, com exceção de trezentos (300) bombardeios pesados ​​por mês. Consequentemente, os números de fornecimento consideram todos os B-17 e alguns B-24 para um total de trezentos por mês alocados à Oitava Força Aérea.

A pedido do Sr. Hurph Smith, revisamos o resumo em anexo, indicando o número médio diário de aviões em serviço para cada mês. Não consideramos “em serviço” nenhum avião que tenha sido designado para o Comando do Serviço Aéreo para indispensável manutenção, mesmo que esses veículos tenham sido designados para as Operações do Atlântico Sul.

Todos os aviões que foram encaminhados em projetos especiais ou missões entre Accra, Dakar e Marrakech foram considerados “em serviço”.

Os números se tornaram impressionantes, uma vez que a 8ª Força Aérea receberia 825 aeronaves, entre outubro e dezembro daquele ano. Enquanto que a 9ª Força Aérea, tinha previsão de outros 130. Ou seja, seriam quase mil aviões, para esquadrões que operavam a partir da Inglaterra e estariam envolvidos na operação futura, tiveram que passar obrigatoriamente por Natal.

Documento informando do uso da rota do Atlântico Sul e previsão de aeronaves

Não contabilizamos os meios entregues à 20ª e 40ª Forças Aéreas do Exército, nem as fornecidas aos britânicos, chineses e russos, que também passaram por Natal ao mesmo tempo.

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