Ao longo da história, as mulheres desempenharam papéis fundamentais e transformaram o rumo da humanidade. Entre elas, destacam-se; a virgem Maria de Nazaré, a influente rainha Cleópatra, a santa-guerreira Joana D’Arc, a princesa Isabel, a rainha Elizabeth II, a pioneira no voto feminino brasileiro, Celina Guimarães, e Alzira Soriano, a primeira mulher eleita prefeita de uma cidade na América Latina.
Propositalmente citamos essas duas últimas personalidades femininas por serem potiguares e pioneiras no que se propuseram a fazer. Neste artigo especial do Dia Internacional da Mulher, contaremos a história de mulheres que, de alguma forma, tiveram importante papel para a aviação, a segunda guerra e o Rio Grande do Norte.
Seguindo uma linha cronológica, começaremos pelo ano de 1937, com a passagem da aviadora Amelia Earhart, por Natal/RN na tentativa de dar a volta ao mundo pilotando um avião. Earhart era 15ª mulher brevetada no EUA, a primeira a alcançar os 14 mil pés de altitude e em 1932, se tornou a primeira mulher a atravessar o oceano Atlântico em voo solo.

Às 8h50 da manhã, do dia 6 de junho de 1937, ela aterrissa seu aparelho Lockheed Electra no Campo de Parnamirim, onde existia uma pista de pouso que servia à Air France. No dia 8 de junho, às 3h10 da madrugada, ela decolou em direção a Dakar e após mais de dez horas de voo, o Elektra chegou ao continente africano. A viagem seguiu pela África, oriente, Índia e ilhas do Pacífico, até que em 2 de julho de 1937, da Nova Guiné, com a intenção de chegar à Ilha Howland, o que nunca aconteceu. A Guarda Costeira dos EUA havia deslocado um navio, o Cutter Itasca, para os arredores da Ilha Howland onde ajudaria no contato rádio com o avião durante o raid e acabou utilizando barco nas buscas. Os aviadores comunicaram pelo rádio que não tinham combustível suficiente e não conseguiram encontrar a pequena ilha. Earhart foi declarada legalmente morta em 5 de janeiro de 1939.
Na década de 1940, uma natalense entraria para a história da aviação civil potiguar. Estamos falando de Lucy Garcia Maia, a primeira mulher brevetada pelo Aero Clube de Natal, formada em 1942. Ela era tida como uma pessoa à frente do tempo: remadora, destemida e uma incentivadora da mulher na sociedade. Enfrentando preconceitos, Lucy iniciou sua instrução de voo em meio a uma turma exclusivamente masculina e, após 13 horas de treinamento, realizou seu primeiro voo solo em um Piper Cub. Durante esse momento marcante, ela ultrapassou os 15 minutos regulamentares, sobrevoando Natal e suas paisagens litorâneas.

Após obter sua licença para pilotar diversas aeronaves, Lucy Garcia voou por cinco anos, realizando viagens para cidades como Recife, Fortaleza e João Pessoa. Seu sonho era seguir carreira como piloto comercial, mas a maternidade em 1947 a fez reconsiderar essa trajetória. Mesmo afastada da aviação, sua ousadia e conquistas abriram caminhos para outras mulheres na área. Aos 83 anos, faleceu em 2001, vítima de câncer, deixando um legado de coragem e pioneirismo. Seu nome permanece como símbolo de resistência e superação em um período em que poucas mulheres ousavam desafiar os limites impostos pela sociedade.

As mulheres também tiveram um importante papel no cenário da segunda guerra mundial, principalmente nos cuidados médicos e na Cruz Vermelha. Contaremos agora a história da potiguar Elita Marinho. Ela estava no contingente de 73 mulheres que integraram a Força Expedicionária Brasileira e que oficialmente lutaram pelo Brasil na segunda guerra.
Elita atuou como voluntária da Cruz Vermelha Brasileira e foi diplomada no Curso de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército (CEERE), no Rio de Janeiro. Ela assumiu função de Enfermeira de 3° Classe, após publicação da portaria N° 6310. O Diário Oficial oficializou a convocação para o teatro de operações na Itália, no dia 22 de Abril de 1944. No dia 20 de Agosto, embarcou, via aérea, junta com o 7° Grupo rumo à Nápoles, e a apartir de então passou a servir no teatro de operações na Itália, onde trabalhou em diversos hospitais de sangue norte-americanos, prestando assistência aos soldados feridos em combate em Cecina, Florença, Pisa e Pistóia.


Seu serviço foi marcado por dedicação, coragem e competência. Após seu retorno ao Brasil, em junho de 1945, foi condecorada com a Medalha de Guerra e a Medalha de Campanha pelo Exército Brasileiro. Sua trajetória destaca o papel essencial das mulheres brasileiras no esforço de guerra, demonstrando bravura e compromisso ao cuidar dos combatentes em meio às adversidades do front.
Essas e muitas outras mulheres deixaram um legado marcante em diferentes épocas e culturas.
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