Por Leonardo Dantas
No final de janeiro de 2024, pesquisadores da Deep Sea Vision reveleram ter encontrado os possíveis destroços do avião da piloto Amelia Earhart (1897 – 1937), que desapareceu há 86 ao tentar atravessar o Oceano Pacífico. Neste 8 de março, quando celebramos o Dia Internacional da Mulher, vamos contar um pouco da história dessa pioneira da aviação e sobre sua passagem por Natal/RN.
Em março de 1937, a bordo de um Lockheed Electar 10-E, Amelia Earhart junto do navegador Fred Noonan e o operador de rádio Harry Manning, iniciaram uma aventura na tentativa de contornar o globo em raid partindo da costa Oeste americana.
À época, ela já era uma famosa com feitos incríveis reconhecidos. Ela recebeu seu brevê de pilotagem em 1923, se tornando a 15ª mulher brevetada no EUA, pela Federação Aeronáutica Internacional, órgão sediado na França e responsável pela emissão das licenças aos pilotos. Um dos seus feitos pioneiros, foi ser a primeira mulher a alcançar os 14 mil pés de altitude.
Já em 1932, Earhart se tornou a primeira mulher a atravessar o oceano Atlântico em voo solo, e em 1936, ficou reconhecida como a primeira pessoa – homem e mulher – a voar entre o Havaí e a Cailfórnia. Apesar de ser uma distância menor, esse último trecho era mais desafiador, pois tinha uma maior faixa de terra e sem possibilidade para um evento pouso de emergência.
No raid da volta ao mundo, após decolar dos Estados Unidos, a equipe sofreu um acidente, em 20 de março de 1937, ao decolar de Honolulu, Havaí, danificando o avião e adiando os planos.

Já em 1º de junho do mesmo ano, ela e Noonan reiniciam o raid ao redor do mundo sem o Manning, o que fez Noonan assumir a navegação e o contato rádio, contudo, mudam de ideia e decidem partir da costa Leste, em direção a América do Sul. A expectativa é que chegassem a Natal/RN, nordeste brasileiro, já no dia 4. Sua passagem por Natal era importante, pois daqui ela iniciaria o desafio de saltar sobre o Atlântico, com destino à África.
Às 8h50 da manhã, do dia 6 de junho de 1937, ela aterrissa seu aparelho Lockheed Electra no Campo de Parnamirim, onde existia uma pista de pouso que servia à Air France. Earhart foi recebida pelo industrial americano da Anderson Clayton Cia, o senhor Joseph Chander Kinsey, que na época tinha casa em Natal, onde hospedou a piloto e o controlador de rádio. No dia seguinte, Earhart concedeu entrevista para o grupo Diários Associados e uma coisa chama atenção na reportagem, é o fato do repórter fazer questão de descrever os trajes, como “No momento da entrevista os aviadores vestiam caça e camisa marrom e sapatos pretos, fumando ambos initerruptamente…”.

No dia 8 de junho, às 3h10 da madrugada, decolou em direção a Dakar e após mais de dez horas de voo, o Elektra chegou ao continente africano. A viagem seguiu pela África, oriente, Índia e ilhas do Pacífico, até que em 2 de julho de 1937, da Nova Guiné, com a intenção de chegar à Ilha Howland, o que nunca aconteceu.
A Guarda Costeira dos EUA havia deslocado um navio, o Cutter Itasca, para os arredores da Ilha Howland onde ajudaria no contato rádio com o avião durante o raid e acabou utilizando barco nas buscas. Os aviadores comunicaram pelo rádio que não tinham combustível suficiente e não conseguiram encontrar a pequena ilha. Earhart foi declarada legalmente morta em 5 de janeiro de 1939.
