Edgard Dantas: A primeira vítima de acidente aéreo no RN

A aviação sempre encantou a cidade do Natal/RN e esteve presente na vida dos natalenses de alguma maneira desde a segunda década do século XX. Seja em momentos de alegria ou nem tanto, como o relato que contaremos sobre o primeiro acidente aéreo fatal do Rio Grande do Norte.

Edgard Dantas era filho de Dr Manoel Dantas, estudante de direito e observador do posto meteorológico de Natal, aluno da primeira turma de pilotos do Aeroclube do RN e tinha apenas 21 anos quando se tornou a primeira vítima de acidente aéreo do estado e provavelmente o primeiro civil a morrer no Brasil, em 23 de maio de 1930.

Primeira turma formada pelo Aeroclube: Edgard Dantas, Octávio Lamartine, Plínio Saraiva, Djalma Petit (instrutor), Aldo Cariello, Eloy Caldas e Fernando Pedroza.

O Aeroclube do RN está entre os mais antigos do Brasil, inaugurado em 29 de dezembro de 1928, com apoio de pessoas influentes da sociedade, entre eles o próprio governador Juvenal Lamartine. Sua primeira turma foi criada ainda em 1929 e tinha como aluno: Fernando, Pedroza, Eloy Calda, Aldo Cariello, Plínio Saraiva, Octávio Lamartine e Edgard Dantas.

Há época, os Aeroclube havia adquirido dois aviões “Bluebird” de fabricados pela companhia inglesa The Blackburn Aeroplane and Motors Co. Ltda, batizados aqui como Natal I e II. Eles foram importados por meio da firma Worton & Pedroza (A história desses aviões merece ser contadas em um post posterior). O instrutor do Aeroclube, o capitão Djalma Petit considerava o modelo excelente para o propósito de ensinar a pilotar.

O dia 23 de maio de 1930 marcaria o encerramento do curso com o voo solo sendo inspecionado pelo instrutor Petit. Logo no início da manhã voaram no Natal I os alunos Octávio Lamartine e Eloy Calda, antes de Dantas que decolou perto das 7 horas da manhã. Ele taxiou pela pista e decolou até certa altura quando iniciou as manobras, mas na hora de aterrissar –segundo relato publicado no jornal A Gazeta de São Paulo, em 29/05/1930 – o jovem piloto fez uma aproximação muito fechada, a baixa altitude e com pouca velocidade, o que deve de ocasionado a perda de sustentação da aeronave, antes de cair.

A Gazeta (SP) – 29/05/1930

Ao tocar o solo, infelizmente a aeronave atingiu as estacas da cerca da propriedade de Fausto Amaral, um criador de vacas vizinho ao Aeroclube, localizado onde hoje ainda existe a sede social na avenida Hermes da Fonseca, em Tirol, de frente ao quartel do 16º Regimento de Infantaria Motorizada.

O acidente foi visto por todos que estavam no Aeroclube, inclusive o instrutor Djalma Petit, que correram até o local da queda, onde encontraram Dantas ainda com vida, apesar do grave ferimento sobre sua cabeça, atingida por uma das estacas. De imediato ele fora socorrido e levado ao hospital Juvino Barreto, mas os médicos nada puderam fazer diante do traumatismo no crâneo e a hemorragia decorrente. Naquele mesmo dia, à 16h30, era sepultado no cemitério do Alecrim.

Natal I após o acidente (Foto: Acervo do autor)
Caderneta de voo de Edgard Dantas, exposta em 2013 em evento no Aeroclube (Foto: Acervo do autor)

Assim, Edgard Dantas entrou para a história como a primeira vítima de acidente aeronáutico do Rio Grande do Norte.

Nota do editor: As informações deste artigo foram retiradas, em sua maior parte, do livro A História de uma Phtotographia, do autor Pery Lamartine, a quem agradecemos postumamente.

Fontes:

A História de uma Photographia – Pery Lamartine

Natal, A Encruzilhada do Mundo – Fundação Rampa (Documentário)

Arquivo Nacional – Jornal A Gazeta (SP)