Nos últimos dias, os Objetos Voadores Não Identificados (OVNI) ganharam a atenção da grande mídia, sobretudo, com o caso do balão “espião” chinês sobre os Estados Unidos e, neste sábado, 11, a notícia de que o Canadá também teria abatido um objeto que teria invadido seu espaço aéreo sem permissão.
Vale esclarecer que OVNIs muitas vezes são erroneamente sinônimos de discos voadores e extraterrestres. Como a própria sigla diz, trata-se de algo que naquele momento não tem uma explicação clara, portanto, se torna um objeto não identificado, que pode ser efeito de luz natural ou artificial, fenômeno atmosférico, lixo espacial, outra aeronave, entre outros. Até discos voadores, até que se prove o contrário.
Além dos dois dos balões, o tema OVNI mereceu a atenção, em especial na mídia brasileira e, principalmente, nos fóruns de discussões sobre aviação, tratando do aparecimento estranho.
Pilotos civis de linhas comerciais comunicaram os avistamentos, sobretudo, no trecho entre Sudeste e Sul do país. Os relatos de luzes desconhecidas nos céus ganharam veracidade pois partiram dos próprios tripulantes dos aviões comerciais, reportados ao controle de tráfego aéreo. Nos Estados Unidos as próprias forças armadas divulgaram vídeos com imagens captadas de suas aeronaves na última década.
O Brasil está cheio de histórias assim, seja na aviação civil ou militar. No Rio Grande do Norte não seria diferente, e os casos se espalham pela capital e interior há décadas. Há relatos de objetos voadores nas mesorregiões do Mato Grande, Agreste, Seridó e, sobretudo no litoral. Ao longo dos anos, os avistamentos foram assunto para matérias jornalísticas e relatos, que nos embasaram neste post.

Em 1958, nos dias 24 e 25 de abril houve uma grande quantidade de luzes vistas no céu noturno de Natal, com testemunhas nos bairros do Tirol, Areia Preta e Praia do Meio, que relataram a mesma coisa, ou seja, um objeto redondo que emanava uma forte luz esverdeada e se deslocava com velocidade considerável. Uma testemunha que estava na Avenida Hermes da Fonseca, próximo à Escola Doméstica, disse que viu a luz sobre o morro em direção a onde hoje está Mãe Luiza, em uma trajetória que fazia aparecer e desaparecer entre as dunas. Ele também afirmou não se tratar de disco, mas sim uma forma bem arredondada. A reportagem do Diário de Natal chegou a questionar sobre a realização de exercícios militares na região, que pudesse gerar essa confusão entre os populares, o que foi negado.
Em 1977, o fenômeno voltou a se manifestar e desta vez entre Ceará-Mirim e Taipu, com diversas pessoas observando. Era 10 de junho, e tentaram alegar se tratar de fogos, pois era próximo dos festejos juninos. Contudo, os depoimentos apontam para objetos luminosos, em velocidade e com trajetória definida e como se seguisse uma direção controlada, ou seja, bem diferente de um rojão de pólvora que se desloca fora de controle.
Já em 15 de novembro de 1978, um casal de idosos chegou apavorado ao posto da Polícia Rodoviária Federal, em Macaíba, pois teriam sido perseguidos por uma luz que vinha do céu e o contado teria imobilizado o casal. Os policiais a princípio desacreditaram da história, contudo, algum tempo depois também testemunharam, não uma luz, mas três em deslocamento. Os oficiais chegaram a reportar o caso à Base Aérea de Natal (BANT), sem maiores detalhes oficiais. No dia 18, as luzes retornaram e foram vistas em uma fazenda a 20 quilômetros da BR-304, no mesmo município. Os vaqueiros e moradores da região disseram que era comum o avistamento no local, sempre associado a falta de energia e o dano em equipamentos eletroeletrônicos. Em matéria do Diário do Natal, o relações públicas da FAB, identificado como tenente Jacy Manoel Moraes, informou que nada de anormal tinha sido identificado na BANT, portanto, não haveria a necessidade se abrir qualquer investigação ou apuração.
O ano de 1980 foi emblemático para o tema OVNI no Rio Grande do Norte, com o acontecimento de uma casos mais conhecidos do país: O Caioba e o Sea Horse. Era 27 de julho de 1980, quando o rebocador Caioba retornava da plataforma da Petrobrás “Ubarana”, a 12 milhas da costa de Pititinga, com proa a 150º. Às 18h50, tripulantes da embarcação relataram ter visto uma luz branca, a cerca de 5º acima do horizonte e 30º à direita da proa. Inicialmente, os marujos imaginaram ser alguma boia de sinalização ou até mesmo outro barco, contudo, ao observar com um binóculo concordaram ser um objeto pairando no ar. Logo em seguida, o mesmo foi visto pela tripulação do Sea Horse, que vinha logo atrás.

O mesmo fenômeno se repetiu no dia 2 de agosto. Desta vez na capital potiguar, mas especificamente no rio Potengi. Por volta da uma hora da madrugada, um garçom do Iate Clube e dois tripulantes do veleiro “Fleur de Mai”, como foi reportado em matéria do Diário de Natal do dia 10 de agosto. As testemunhas contaram que um objeto arredondado e de cor vermelha – forte – voava a cerca de dez metros de altura sobre o rio, onde submergiu perto da foz, já no mar. A luz teria despertado a atenção também na unidade militar do 17º Grupamento de Artilharia e Campanha do Exército Brasileiro (17 GAC), onde os soldados também presenciaram o fenômeno.

As aparições de 1980 ganharam repercussão nacional e internacional, sendo tema de revistas especializadas no tema e atraindo pesquisadores que também viram as luzes no litoral, com testemunhos na praia de Genipabu.
Em agosto de 1983, pelo menos uma dezena de moradores do Conjunto Potilândia testemunharam uma luz forte sobre o bairro de Candelária. Este fato se repetiu por alguns dias e era tratado por alguns como um avião, até que a luz demonstrou um comportamento anômalo, baixando e ganhando intensidade luminosa e subindo até o ponto de perder de vista, e repetindo isso diversas vezes. Bem diferente de uma avião que voa em trajetória e altitude bem definida. Outro fato que merece ser citado é que no mesmo período, o objeto também foi visto em Areia Branca, distante 300 km de Natal.
Em 2006, o tema voltou a virar notícia em Natal. Uma esfera branca-metalizada foi vista, novamente, sobre o bairro de Candelária. Ela permaneceu estática por mais de 10 minutos até desaparecer. O mesmo objeto, voltou a aparecer no bairro de Ponta Negra, próximo ao estádio Maria Lamas Farache, “o Frasqueirão”. O referido estádio fica bem próximo do Centro de Lançamento de Foguetes Barreira do Inferno (CLBI), da Força Aérea Brasileira (FAB), portanto, muitos acharam se tratar de algum experimento científico desenvolvido na unidade militar, o que foi negado pela assessoria de imprensa, à época.
Todos esses casos de OVNIs listados nesta matéria constam em matérias jornalísticas ou em documentos do Arquivo Nacional. Se algum novo caso seja revelado, faremos outras postagens.